terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Paradoxos

Como fazer a mente parar? Queria ás vezes ficar nem que fossem cinco segundos sem pensar em nada. O que ultimamente tem sido uma tarefa bem difícil, pra não dizer dolorosa. O pior de não parar de pensar, seja o fato de eu mentir para mim mesma, fracassadamente. Coisas do tipo –eu-sou-feliz-tenho-tudo-para-ser-uma-pessoa-de-sucesso-amo-quem-me-ama-e-estou-enlouquecidamente-apaixonada. Aí é que vem o sacaninha do meu cérebro e ri com gosto da minha realidade ilusória, metendo o dedo fundo nas feridas que não conseguem sequer cicatrizar. É aí que surgem as fugas, àquelas horas e horas suando feito louca tentando encontrar a forma perfeita que nem sequer existe. Ou mais horas ainda enchendo a cara, e usando mais entorpecentes que o convencional para adormecer um elefante obeso. Mas a pior de todas é aquela fuga em que se passa 90% do seu dia com a bunda numa maldita cadeira, lendo todos os livros-artigos-estudos-cientificos possíveis. Pra quê? Para eu me reconfortar momentaneamente fumando um caretinha de sempre e me vangloriando que somos parte de uma geração de mulheres profissional e intelectualmente bem sucedidas e que relacionamentos são puramente coisas para os fracos. Mas porqueeeee continua esse vazio? Porque tem que ser assim? Principalmente quando mesmo sabendo que somos lindas e incrivelmente interessantes, nosso vagabundo coração bate por um sujeitinho que faz questão de jogar sentimentalidades no lixo e nos fazer sentir umas otárias quando falamos ‘te amo, meu amor’ do fundo do coração. E depois nos deixasse sozinhas sem conseguir dar nenhum movimento em direção a luz, enquanto ele, se diverte com piranhas baratas, ou garotinhas recém saídas das fraldas, onde seu único conhecimento de vida é aquele qual adquiriram lendo colunas inspiradoras da Capricho. É aí que fode tudo. A gente só sabe se jogar em alguma causa especifica para achar algum motivo para continuar existindo. São tais dias paradoxos. Repletos e vazios. Como diria meu digníssimo Caio Fernando. “Passo uma semana a ban-chá e arroz integral, absolutamente santa, absolutamente limpa, aí bato o carro numa esquina, cheiro cinco gramas e ligo pra CVV as 4 da madrugada balbuciando coisas do tipo ‘eu preciso tanto de uma razão para viver.’ Um dia de Joplin, um dia de Tereza de Calcutá, um dia de merda.” Aí surgem mil personagens dentro de nós, brigando para ter uma fala principal. A malvada me manda matar todos. A mulher bem sucedida manda eu me dedicar aos estudos e trabalho e ser totalmente workholic e acreditar que isso basta. A boazinha zen manda amar a todos, compreender e analisar cada ato do meu próximo e perdoar sempre. E a mocinha estúpida me implora para eu ser burra e correr atrás do mocinho, ser idota, mas feliz. Como se a vida fosse um gigantesco roteiro, cheio de cenas, trilhas e scripts, e sem querer (ou por querer) alguém misturou tudo. Tento seguir como Tchekhov: Seja original sempre. Super complexo quando não se encontra nem seu próprio ego em meio aos papeis absurdamente trocados.
Ás vezes tenho uma certeza perturbadora: Quanto mais idiota melhor. Aos pensar menos conseguimos ser mais felizes. Mas nem eu sigo minha própria teoria.
O que deveria fazer e o que fazer?
Deveria mandar longe aquele tal que bagunçou comigo, que me tirou os sentidos e falar ‘suma da minha vida.’
Ma aí a maldita razão toma conta: “Se ele conseguiu bagunçar tudo é porque deve ter sido muito especial pra ti, então se joga mina, e agarra o bofe.”
Aí eu penso penso penso e encontro uma solução estranha: de te ter, não te tendo. Compreende? Claro que não. Nem eu mesma compreendo.
Manter uma relação saudável, madura, e puramente amigável com quem se ama. Como???
Se dá vontade de correr pra aí e te falar toda hora: “Porra cara, eu te amo, não sei o que aconteceu com a minha lógica. Mas eu te amo, então cala a boca e me beija logo, e viveremos isso. Seja pra gente se fuder mais ainda aqui um mês, ou pra nunca mais ver um fim. Mas viveremos isso.”
É possível? É.
Quem disse que alguma coisa é impossível?
Olhe ao redor. O mundo está cheio de coisas que, segundo os pessimistas, nunca teriam acontecido.
“Impossível”
“Impraticável”
“Não.”
E ainda assim, sim.
O que é necessário pra transformar um não em sim?
Curiosidade. Mente aberta. Vontade de arriscar.
E quando um problema parece insolúvel, quando o desafio é meio duro, dizer: vamos lá.
Posso estar enganada, psicótica, ou até mesmo muito louca, mas o que eu mais quero de corpo e alma, é me perder novamente.
Roubando um trecho do blog da legs:
“Eu posso me perder em você? Mas, por favor, se encontre primeiro.”