quinta-feira, 17 de abril de 2008

Luto

Por mais que as coisas anteriormente não tenham acontecido como o esperado ainda havia ali uma ponta de esperança para um futuro já arquitetado. Procuro tais porquês de não conseguir largar o ‘peixe’, já havia prometido a mim mesma uma desistência, mesmo que desesperada havia prometido, eu precisava dela ali, para me sacudir e me mandar acordar, havíamos prometido desistir juntas, e quando uma de nós titubearmos entre voltar ao ciclo do passado doentio poder trazer uma a outra para realidade.
Ela não estava ali ao meu lado naqueles momentos, onde ele, com meras palavras vazias conseguia acabar com meu mundo, ou trazê-lo de volta em algum momento. Eram apenas palavras, e em mim tinha uma força quase sobrenatural pela qual eu a muitos meses lutava, precisava de alguém no instante presente que pudesse me fazer esquecer e tratá-lo como devido.
Porém não havia ninguém, por mim própria havia me excluído numa ilha só, já não tinha ninguém que trouxesse tantos sorrisos e tantas lagrimas desesperadas. Eram gostosos aqueles momentos, aquelas dores, pois ainda sabia que quase tudo de mim ainda tinha sentimentos, ainda doía, e também se alegrava. Agora por si só, aguardava o inverno que nunca iria chegar, num calor excessivo, e um frio de já não haver nada de devida importância para alterar meu estado de espírito. Sentia saudade daqueles prantos, e daqueles reconfortos abrasadores. E ele voltava de tempo em tempo, como se fosse em ciclos, para me desequilibrar sobre a linha fina na qual eu dava passo a passo meus dias.
Porque a história se interrompeu assim? Você não pode dizer que eu não tentei. Eu aguardei a cada dia agoniada para que um sorriso sincero fosse retribuído a mim, como era nos velhos tempos, você não sabe como dói, ver você indo embora de si próprio, como tenho vontade de envolve-lo em meus braços e pedir para que acorde, que volte a ser a pessoa que eu me apaixonei. E ainda aguardo para o continuar da nossa existência.Eu choro a morte, meu luto dolorido, de ver morto quem ainda está vivo. Você um dia falou que a culpada de tudo isso era eu, e que parecia que eu queria voltar num passado, mas que era bom como estava, o momento presente, que eu te visse só como amigo. Eu tentei, eu juro, te peço perdão, e suplico a mim mesma para que isso aconteça, mas é difícil quando ninguém nos traz mais emoções como aquelas que um dia você me trouxe, nossa história vivida mais em sonho do que no plano real ainda está viva em mim e me exige um final feliz que eu não consegui dar a ela, eu tentei, o cansaço tomou conta de mim e cai na desistência. Escuto a nossa musica, lembra daqueles dias onde a gente acordava as 9 para poder ter um pouco da manhã só para nós dois? Você me via com aquela cara de sono, e quando você reclamava que eu dormia demais e deixava você esperando, pois já passava das 9. Ou quando eu voltava as pressas só para ver que você estava ali para mim e eu ali para você, e que aquilo bastava pra nós, termos um ao outro. Sabia cada detalhe da minha vida e eu da sua, planejávamos um futuro onde um pedia para o outro nunca se deixar, que a nossa história não iria se interromper como as outras. Te perdoei, você me perdoou pelos meus erros, e eu te aceitei por cada acerto e você aos meus. Hoje nos finalizamos num oi e tchau, e eu continuo a te procurar em outros amores sem resultados satisfatórios, porque a gente não era só você, nem só a mim, era nós dois, onde uma história foi escrita em cima disto, e não nos encontro em lugar nenhum. Vejo o seu Eu morrendo dia a dia, e choro desamparada querendo que você volte, não só a mim, mas a você próprio, quem sabe, isso me abrande na expectativa de quem sabe um dia poder reviver cada momento. Se fosse possível que meus desejos fossem cumpridos eu oscilo entre poder voltar no tempo, e sentir a gente de novo. Ou tomar uma pílula do esquecimento, e apagar todas nossas memórias, mesmo que seja doloroso passar pela vida sem ter tido uma história como a nossa, mas seria melhor do que ver você morrer, pra mim, e pra você

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Um conto de fadas com dois príncipes

Aquela tarde escondia acasos que quem sabe um dia foram impensados por ele. O tédio constante do ‘não sentir’, já tomava formas diferentes nos últimos tempos, entregava-se entre farras insaciáveis e paixões idem, onde as expectativas de carência e desejo eram difíceis de serem supridas por um qualquer, então pensava realmente estar num estado de amor momentâneo por diversas pessoas, incluindo no enredo de seu filme, antigas carências, e atuais instantes de relacionamentos, que se desfaziam por si próprio, pois aquelas ainda não eram as histórias que deveriam se finalizar num desfecho esperado, onde o outro se torna o único. Fumava seguidamente um cigarro qualquer para talvez espantar aquela circunstância, jogado numa poltrona vermelha observava as cinzas caírem pouco a pouco naquele chão sujo, havia muitas cinzas, e com aqueles olhos demasiadamente azuis, fixava seu pensamento em nas suas emoções devidamente caladas para si. Mas sabia que no fundo esperava algo mais do decorrer dos seus dias vazios, onde a sua única espera era espantar a sua rotina desesperada, de silenciar seus desejos. Ouvia canções que só lhe traziam mais para essa realidade por muitas vezes que tentava fugir dela só o levava mais adentro, a empolgação forçada para que aquela noite conseguisse completar sua alma lhe traria futuramente mais uma noite frustrada. Saia, bebia, beijava corpos desconhecidos e alguns até repetitivamente conhecidos, mas nada daquilo era o esperado, e fingia ser, logo aquele que dava tantos conselhos para os outros de como fazer suas escolhas e poder atenuar males desnecessários, acreditava que devia seguir o coração e histórias predestinadas pelo destino, mas ele mal sabia o que era isso, seguir seu coração, pois ele nunca havia batido de forma que o fizesse perceber o que suas idéias realmente significavam no mundo real.
Surpreendido por um alguém, tão desigual aos outros quanto ele, seus pensamentos começaram a falhar entre o que suas regras antigamente impostas para relacionamentos e se viu dono de uma própria história, onde os coadjuvantes agora eram os que ele tinha aconselhado, agora o aconselhavam. Aquele outro que surgira espontaneamente na sua vida lhe trazendo prazeres e sensações que eram desconhecidas por ele num díspar de um momento anterior. Ele lhe confundia, lhe levava ao buraco negro do desespero por apenas estar presente na sua vida e já não saber mais como agir diante de situações comuns a qualquer relacionamento, mas quando estava com ele tudo parecia estar mais claro do que nunca e ansiava poder passar a vida toda naquele mero momento, em que o outro estava presente junto dele. Aquele corpo junto ao seu, já não era mais um corpo qualquer, lhe despertava emoções, e o vazio do não sentir foi suprido por uma arrebatadora paixão criada em cima do vazio de suas expectativas, pela primeira vez sabia o que era desejar outra pessoa para si para um tempo que se existisse na terra, que fosse infinito. Fugia de padrões impostos para que uma família fosse formada de homem e mulher, onde por muitas vezes casamentos por conveniência tornavam as pessoas dentro deles infelizes, e suas vidas vagas. Ali havia a possibilidade de uma felicidade que só o somar de duas pessoas para torná-la real, onde o sentimento era verdadeiro, mais do que nunca, pois tornava as sensações despertadas por esse sentir na própria pele, já não importava o gênero daquele outro, era feito como ele, tinha o corpo como o dele, e sabia que o destino deles era ficar juntos e teria que lutar para isso, já não tendo mais valor para o que os outros iriam falar, apenas satisfazer
aquele que desfez o vazio de sua vida, tal que conseguiu quebrar um ice berg que tinha se tornado sua alma.
A vida se faz de diversas sensações, e todos estão a procura delas, uma por uma, mas por mais que neguem, a única coisa que pode completar linhas em branco do enredo de suas histórias só podem ser feitas em par, e quando isso acontecer entenderá todo o vigor de cada sentimento. Mesmo que o conto de fada seja protagonizado, por dois príncipes, duas princesas, ou dois sapos. Independente de gêneros, a dualidade de um existir é à espera de todos para um continuar.

Dedicado ao meu amigo maycon