quinta-feira, 10 de abril de 2008

Um conto de fadas com dois príncipes

Aquela tarde escondia acasos que quem sabe um dia foram impensados por ele. O tédio constante do ‘não sentir’, já tomava formas diferentes nos últimos tempos, entregava-se entre farras insaciáveis e paixões idem, onde as expectativas de carência e desejo eram difíceis de serem supridas por um qualquer, então pensava realmente estar num estado de amor momentâneo por diversas pessoas, incluindo no enredo de seu filme, antigas carências, e atuais instantes de relacionamentos, que se desfaziam por si próprio, pois aquelas ainda não eram as histórias que deveriam se finalizar num desfecho esperado, onde o outro se torna o único. Fumava seguidamente um cigarro qualquer para talvez espantar aquela circunstância, jogado numa poltrona vermelha observava as cinzas caírem pouco a pouco naquele chão sujo, havia muitas cinzas, e com aqueles olhos demasiadamente azuis, fixava seu pensamento em nas suas emoções devidamente caladas para si. Mas sabia que no fundo esperava algo mais do decorrer dos seus dias vazios, onde a sua única espera era espantar a sua rotina desesperada, de silenciar seus desejos. Ouvia canções que só lhe traziam mais para essa realidade por muitas vezes que tentava fugir dela só o levava mais adentro, a empolgação forçada para que aquela noite conseguisse completar sua alma lhe traria futuramente mais uma noite frustrada. Saia, bebia, beijava corpos desconhecidos e alguns até repetitivamente conhecidos, mas nada daquilo era o esperado, e fingia ser, logo aquele que dava tantos conselhos para os outros de como fazer suas escolhas e poder atenuar males desnecessários, acreditava que devia seguir o coração e histórias predestinadas pelo destino, mas ele mal sabia o que era isso, seguir seu coração, pois ele nunca havia batido de forma que o fizesse perceber o que suas idéias realmente significavam no mundo real.
Surpreendido por um alguém, tão desigual aos outros quanto ele, seus pensamentos começaram a falhar entre o que suas regras antigamente impostas para relacionamentos e se viu dono de uma própria história, onde os coadjuvantes agora eram os que ele tinha aconselhado, agora o aconselhavam. Aquele outro que surgira espontaneamente na sua vida lhe trazendo prazeres e sensações que eram desconhecidas por ele num díspar de um momento anterior. Ele lhe confundia, lhe levava ao buraco negro do desespero por apenas estar presente na sua vida e já não saber mais como agir diante de situações comuns a qualquer relacionamento, mas quando estava com ele tudo parecia estar mais claro do que nunca e ansiava poder passar a vida toda naquele mero momento, em que o outro estava presente junto dele. Aquele corpo junto ao seu, já não era mais um corpo qualquer, lhe despertava emoções, e o vazio do não sentir foi suprido por uma arrebatadora paixão criada em cima do vazio de suas expectativas, pela primeira vez sabia o que era desejar outra pessoa para si para um tempo que se existisse na terra, que fosse infinito. Fugia de padrões impostos para que uma família fosse formada de homem e mulher, onde por muitas vezes casamentos por conveniência tornavam as pessoas dentro deles infelizes, e suas vidas vagas. Ali havia a possibilidade de uma felicidade que só o somar de duas pessoas para torná-la real, onde o sentimento era verdadeiro, mais do que nunca, pois tornava as sensações despertadas por esse sentir na própria pele, já não importava o gênero daquele outro, era feito como ele, tinha o corpo como o dele, e sabia que o destino deles era ficar juntos e teria que lutar para isso, já não tendo mais valor para o que os outros iriam falar, apenas satisfazer
aquele que desfez o vazio de sua vida, tal que conseguiu quebrar um ice berg que tinha se tornado sua alma.
A vida se faz de diversas sensações, e todos estão a procura delas, uma por uma, mas por mais que neguem, a única coisa que pode completar linhas em branco do enredo de suas histórias só podem ser feitas em par, e quando isso acontecer entenderá todo o vigor de cada sentimento. Mesmo que o conto de fada seja protagonizado, por dois príncipes, duas princesas, ou dois sapos. Independente de gêneros, a dualidade de um existir é à espera de todos para um continuar.

Dedicado ao meu amigo maycon

2 comentários:

  1. voce me conhece mais do que eu mesmo ;~ perfeito , sério.
    te amo

    ResponderExcluir
  2. Uma maneiira boniita de ilustrar sentimentos , realidades e fatos. Espetacular Nah.

    ResponderExcluir