sábado, 30 de janeiro de 2010

À BEIRA DO PRECIPÍCIO

Caros amigos e família.

Alguns me chamarão de fraca, tantos outros de egoísta, mas não estou aqui para me fazer de coitada, ou problemática, apenas abrir meu coração. Há dias não venho me sentindo bem com a minha realidade, nem com o mundo onde vivo, me sinto uma estranha nesse ninho, até brinco que só posso estar no planeta errado. Entristece-me ver a realidade das pessoas a minha volta, onde a superficialidade e o materialismo se tornou essencial na vida das pessoas. Seus sonhos e desejos já não são mais naturais da nossa espécie, adquirir e ser alguém moldado pelo sistema parece que se tornou primordial na vida das pessoas a nossa volta. Meus sonhos, desejos, prazeres e devaneios não são os mesmos da maioria. Alguns me chamam de louca, outros usam outros termos para expressar o mesmo sentido. Eu só queria ter paz, e liberdade para buscar e refletir minha essência, sem julgamentos. Mas parece que os olhos da sociedade agem como juizes conservadores, sempre prontos para apontar o certo e o errado, o bem e o mal. Estou cansada, exausta, e meu único desejo que resta é dormir e viver entre meus sonhos, onde até meus pesadelos parecem mais reconfortantes do que essa realidade ilusória. Há algo por trás de tudo. O cotidiano humano não me parece saudável, vidas pré-moldadas de uma falsa felicidade comprada. Eu nunca busquei felicidade, eu apenas alimentava meu equilíbrio e a felicidade me correspondia com um sorriso alvo. Minha busca sempre foi a iluminação. Hoje esgotada pelo declínio da minha esperança. É impossível continuar quando a esperança foge do peito. Tudo parece tão igual, robotizado, e sinto a fúria nos olhos deles por eu fugir dos padrões impostos. Eu tenho apenas 21 anos, alguns podem falar que sou uma mera menina, cheia de sonhos, com vontade de mudar o mundo, porém eu digo, sou uma menina que desistiu de seus sonhos, por não achar mais um sentido relevante para vive-los. Parte do meu coração aperta, me culpando pelo egoísmo. Sempre tive tudo, uma mãe que apesar da sua imaturidade me ensinou a ser alguém de caráter e personalidade forte, e um pai, que apesar de ser apenas um menino quando eu vim ao mundo, se esforçou ao máximo para me dar condições de me formar de forma integra, e tudo com muito amor. Meus avós me dedicaram tanto amor que não cabe nessas meras linhas tentar descreve-los, e minha gratidão por eles será eterna, assim como meus tios, que sempre me acolheram não como sobrinha, mas sim como uma filha. E apesar de tudo isso, continuei a me sentir um ser sozinho, incompreendido. Eu deito na areia e observo cada estrela no céu e me sinto tão pequena nesse mundo, que chego a conclusão que somos meros mortais, que nos achamos tão importantes, quando no fundo somos somente animais racionais, a busca de algo que nem ao menos sabemos o que é. Se viver em sociedade é fazer jogos psicológicos e tentar parecer melhor que seu próximo, não é desse tipo de mundo, de gente, que quero fazer parte. Quero fazer parte de um todo, mas isso torna tudo impossível, pois apenas uma pequena minoria tomou consciência que todos somos um, e devemos batalhar juntos para a evolução do nosso ser e da nossa humanidade. Fomos presenteados com um paraíso, de oceanos cristalinos e uma natureza de beleza extraordinária, mas nossos irmãos humanos (incluindo a nós mesmos) esqueceram da sua missão. A mercadoria devorou. Viramos seres guiados pelos desejos e prazeres, e com o único objetivo de alimentarmos nosso próprio ego. Fico grata, pois entre esse mundo de ‘dragões’ eu pude conhecer e conviver com anjos, que foi por eles que me mantive forte na minha curta jornada nesse desafio chamado vida. Fui presenteada com os melhores amigos que uma pessoa pode ter no mundo, Os Meus Meninos, que cuidaram de mim como irmãos, que me fizeram rir até sentir dor na barriga de tanta felicidade, me acompanharam nas visões das coisas belas do mundo, e encontrando a felicidade nas coisas pequenas da vida, apenas pelo fato de estarmos juntos e poder confiarmos um no outro de olhos fechados. Foi assim que descobri a lealdade. Também não poderia esquecer das Minhas Meninas, Mari, e Babi, ambas com o colo mais confortador que já conheci, os olhares e sorrisos dóceis, e a pureza na alma que me orgulha de um dia ter feito parte dessa união, e a bolha, sempre será nossa, não importa onde eu estiver. E foi assim que conheci o amor mais puro que possa existir: A amizade. Por ultimo, conheci um anjo, alguém especial que fez meu coração bater forte apenas de sentir sua presença, e que me fez perder a vontade de dormir apenas pra ficar admirando ele dormindo, com ele eu pude sentir a minha essência, a essência dele, e já não me senti sozinha mundo, pois sabia que ali, havia alguém de outro planeta, assim como eu. Alguém de coração puro, e uma alma evoluída e intrigante, repleto e completo. Não é querer me sentir superior ou inferior as outras pessoas. Somos seres humanos, sem hierarquia, apenas estamos em processos evolutivos diferentes, mas somos irmãos, filhos da mesma terra. Apenas chegou o momento em que não vejo mais sentido para um continuar. Não é depressão, não é tristeza. É um sentimento de impotência em relação ao meu destino, e o destino dos meus próximos. No último piscar de olhos, vou lembrar do brilho do olhar e do sorriso sincero de cada um que brindou comigo minha existência, foram momentos mágicos e inesquecíveis. Obrigada por alimentarem meu espírito, e me inspirarem nos dias de desespero. Talvez eu seja realmente fraca, ou tenha alguma impotência ao me relacionar com o mundo exterior, desculpem pelo egoísmo, mas eu só quero é paz. Fechar os olhos e nada mais, pois todo o resto já não faz mais sentido. Esse coração já não bate nem apanha. “...e aquele garoto que ia mudar o mundo, agora assiste a tudo em cima do muro...”. Chegou a hora de pular do muro.

3 comentários:

  1. VC SABE MUITO
    tem meu respeito pelas palavras q escreveu
    continue mantendo a fé... soh Ele pode!

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  2. Leia Sonho de um homem ridículo do Dostoiévski

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