quinta-feira, 20 de março de 2008

Em órbita

A diferença entre impor uma nova proposta de vida, e segui-las pode ser a grande defasagem de ser e desejar ser. Imaginamos um futuro idealista, onde não fazemos esforço algum para atingir metade dos desígnios sonhados.
Desta vez, ansiava pelo diferente, para que cumprisse e praticasse todos os esforços pelo final propósito. Então se contradizia entre empurrar mais um dia qualquer, ou continuar tentando. Estava firme de si, e faria o além-mundo para conseguir. Há quase uma década chegava sempre no ‘quase’, chegou à vez de atingir o final, e descobrir as sensações que ele poderia causar. Teria que se jogar numa exaustiva jornada, onde no momento sempre aparecia coisas mais interessantes a fazer, do que seguir seus objetivos. Estava ali o erro: as distrações. Havia lhe dado prazos, e desta vez, não seria em vão seu esforço.
Flutuava numa água límpida, já não sentia mais a gravidade de seu corpo, nem o peso de seus pensamentos, era só ela e água. O céu naquela noite parecia estar contribuindo pelas tais sensações vividas naquele instante, a noite escura, com estrelas, algumas já não existiam mais, e continuavam a expandir seu brilho, refletindo em si, toda a claridade daquela noite, onde o fulgor e penumbra se liquefaziam num único horizonte. Assim como ele, ela se fundia em nada. Era apenas alma, seria capaz de alucinar estar morta, e só podia sentir sua essência. Já não era nem homem nem mulher, nem adulta, nem criança. Era como aquelas estrelas, que entre luz e sombra se unificavam num embaraçar indecifrável, assim como era o universo, pela primeira vez, sabia e se sentia parte dele. Cheio de estrelas, buracos negros, explosões, formas de existência, e sua própria expansão e contração natural. Recriando-se a cada segundo. Assim como ela.
Éramos parte disso. E fingíamos não saber, quando no fundo todos sempre compreendíamos, e pensávamos que não. Quem sabe, por maquinal das coisas, ou regras meramente enganosas. Sentir-se assim, era como se recarregar numa nova reencarnação. Criança posta a viver e refazer sua jornada.
Ali estava a altercação para não fugir do final, havia se recarregado. Poderia pela primeira vez saber qual era aquele sabor de conquistar a chegada. Mas ainda teria que esperar seus dias, pois ainda não era a hora.

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